Cerca de mil funcionários do Banespa, reunidos hoje no Sindicato dos Bancários de São Paulo, aprovaram a possibilidade de greve para a próxima terça-feira (28), quando o novo proprietário tomará posse da instituição, em protesto pela venda do banco. A paralisação vai depender da decisão da assembléia dos trabalhadores marcada para quarta-feira, informou o presidente da Associação dos Funcionários do Banespa (Afubesp), Eduardo Rondino.
De amanhã até sexta-feira a intenção é que as agências atrasem em 15 minutos o atendimento ao público. A cada dia, 15 minutos a mais do que no dia anterior, somando até sexta-feira uma hora.
Os bancários também estão entrando na Justiça para pedir a anulação do leilão. "Foi um belo acerto, não houve leilão", avaliou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, João Vacari Neto, destacando que apenas um banco apresentou proposta viável. Ele disse que os bancários continuam defendendo que a instituição seja pública, a garantia do emprego e a manutenção da rede de agências.
Desde o fim da tarde de hoje estava previsto um acampamento na frente da Assembléia Legislativa de São Paulo para forçar os deputados estaduais a colocarem em votação um plebiscito sobre a venda do banco. "Queremos que eles votem o projeto de banco público", disse Rondino. Ele esclareceu que a privatização do Banespa fere o artigo 173 da Constituição do Estado de São Paulo, que prevê dois agentes financeiros públicos o Banespa e a Nossa Caixa.
Vacari Neto disse que serão feitos contatos com centrais de trabalhadores da Espanha para fortalecer os bancários nas negociações com o Santander com objetivo de obter estabilidade no emprego.
Segundo Marcos Benedito da Silva, coordenador da comissão da empresa no Santander, quando a instituição comprou o Central Hispânico na Espanha concedeu três anos de estabilidade. Mas, segundo ele, o acordo já não estaria sendo cumprindo. Procurada pela AGÊNCIA ESTADO, a Assessoria de Imprensa do Santander no Brasil não confirmou a informação e esclareceu que o assunto é do âmbito da matriz espanhola.
Demissões - O fato de o Banespa ter sido comprado por um banco estrangeiro, com um menor número de agências e postos de atendimento em relação aos bancos nacionais, não reduz o risco de demissões na avaliação dos bancários. "Não existe diferença entre banqueiro nacional e estrangeiro", afirmou Vacari. Também na avaliação de Rondino, os banqueiros são todos iguais e querem rebaixar salários.
A ameaça de cortes se torna mais presente por conta do comportamento do banco espanhol desde que entrou no Brasil. Segundo dados do Sindicato dos Bancários confirmados pela Assessoria de Imprensa do Santander, em junho de 1997, a instituição tinha 6.975 funcionários somando as aquisições dos Bancos Noroeste e Banco Geral do Comércio. Em abril deste ano, o Banco Santander tinha 3.826 funcionários, um número 45% menor.
Segundo Benedito da Silva, as agências do Santander são altamente automatizadas, com média de nove funcionários, com o objetivo de reduzir esse número para sete. A Assessoria de Imprensa do Santander no Brasil informou que o número médio de trabalhadores por agência é de sete pessoas. No Banespa, o número médio de funcionários por agências é 35,2, segundo informou o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Eduardo Terrazas, que participou de um estudo de avaliação do banco realizado com a Unicamp.
"Eles negociam só quando estão muito pressionados", afirmou Benedito da Silva. Ele contou que participou recentemente como representante dos trabalhadores nas negociações com a diretoria do banco, quando a instituição cortou o auxílio voltado para educação no início do ano. "Foram dois meses de negociações intensas."
Benedito da Silva acrescentou que a instuição terceiriza muitos de seus serviços, como trabalhos de microfilmagem, distribuição e que tem planos de incluir nesse rol também a compensação dos cheques.
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Agência Estado

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