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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

ASSEPLAN - RESGATANDO A NOSSA HISTÓRIA - Ipea: apenas 2,4% dos bancários são negros - 18 de Novembro de 2008

Dia 20 de novembro de 1695: é assassinado Zumbi dos Palmares, líder do quilombo de Palmares e símbolo da resistência à escravidão. A data entrou para a história como marco da luta pela igualdade étnica. Em 1978, foi instituída como Dia da Consciência Negra. E hoje, mais de 300 anos após a morte de Zumbi, e mais de 100 anos após a assinatura da Lei Áurea, a situação de exclusão dos negros no Brasil mudou?

"A discriminação acontece em todos os segmentos. Pesquisas indicam que os negros estão situados em empregos com baixa remuneração", explica o coordenador da Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT (CNCDR/CUT), Marcos Benedito. Ele classifica que, além do preconceito, a falta de oportunidades é fator determinante para a exclusão dos negros no mercado de trabalho.

A exclusão é observada também no mercado financeiro. De acordo com estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) divulgado neste ano, os negros representam apenas 2,4% dos funcionários de bancos no Brasil. Outra pesquisa do mesmo órgão aponta que ainda neste ano a população negra vai se igualar à branca, ultrapassando-a em 2010. O levantamento, entretanto, mostra que, se mantidas as características das políticas públicas de inclusão, a renda de brancos e negros seria igualada daqui a, apenas, 32 anos.
Para a bancária Lucimar de Mendonça, o baixo número de bancários negros é resultado da discriminação racial. "Devido a esse preconceito camuflado, a empregabilidade do negro, não só no setor bancário, é muito pequena". Ela considera que, em um processo seletivo entre um negro e um branco, o negro "deve se esforçar muito e demonstrar conhecimento e competência. Por ser negra, a pessoa é mais cobrada".
Lucimar, entretanto, se diz otimista para o futuro. "Eu acredito que, com ações que promovam a diversidade nas empresas, esse preconceito seja banido de vez da nossa sociedade".
Preconceito em bancosPara Marcos Benedito, que também é dirigente da Contraf (Confederação Nacional dos Bancários) um exemplo da discriminação racial em bancos é o da aquisição do Banespa pelo Santander. Segundo ele, quando a instituição era estatal, os trabalhadores disputavam vagas por meio de concursos. "O preconceito acabava não sendo tão explícito, porque o bancário passava [nos concursos] por méritos próprios".

"Se você entrasse numa agência do Banespa tinha diversidade étnica muito grande. [Após a privatização], o critério de contratação mudou. Quem é de origem afro-descendente é barrado já na entrevista".
Ensino
A reserva de cotas para o ingresso de afro-descendentes nas universidades públicas do país gera polêmica na sociedade. O projeto de lei que obriga as instituições a reservar 50% das vagas a negros e indígenas ainda tramita no Congresso. No entanto, as vagas destinadas às cotas já somam 13,8% do total.

"Se você entrar numa universidade verá que a quantidade de negros é baixa. Somente com leis, com políticas compensatórias, e com a criação de condições para superar essa desigualdade social que os negros estarão em pé de igualdade", justifica Benedito.

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