LUTA

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

AÇÃO REGIONAL - Em Salvador, CUT discute questões raciais em seminário do Inspir - 05/11/2012

 Marcos Benedito, representante da CUT no Conselho Deliberativo do INSPIR (foto da Ação Regional)

 
Encontro debateu a importância de qualificar as intervenções dos dirigentes sindicais e militantes do movimento social em seus espaços e fóruns de discussão

Escrito por: CUT-BA

Nesta quinta-feira, 1º de novembro, em Salvador, teve início a série de atividades do Novembro negro da CUT-BA, com participação no seminário "O negro e o mercado de trabalho", promovido pelo Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir), em parceria com o Solidarity Center, com apoio da CUT e outras centrais sindicais.
A secretária de Combate ao Racismo da CUT-BA, Luciene Bonfim, destacou a importância do seminário no sentido de qualificar as intervenções dos dirigentes sindicais e militantes dos movimentos social em seus espaços e fóruns de discussão. "A CUT reitera o seu comprometimento com o combate à discriminação racial no mundo do trabalho para eliminar a discriminação e a desigualdade racial. A luta contra o racismo é inevitável para que possamos ter um país com mais justiça social", disse.
O presidente do Inspir, Ramatis Jacino, que é dirigente da CUT, traçou um panorama histórico do caráter da escravidão como consequência do colonialismo. "Foi um processo desenvolvido pelos europeus para resolver um problema econômico, que depois ganhou outros contornos. O racismo é um subproduto do capitalismo e é necessário que façamos uma análise da necessidade de abordar a luta contra o racismo através da luta do trabalho, enfatizou".
Para Jacino, a escravidão, num determinado momento, se exauriu como modelo e dialeticamente, no seu interior foram sendo geradas as contradições que iriam promover sua superação. "Num determinado momento o escravo passa a ser caro e num determinado momento esse ser humano pode fugir ou morrer e o valor investido fica perdido. São razões que levaram ao fim a escravidão", disse.
Sobre as elaborações acadêmicas que davam conta de justificativas para a escravidão e a discriminação racial, Jacino falou sobre o cientificismo e o darwinismo social e a eugenia. "Os negros eram colocados como inferiores intelectualmente, com embasamento em teorias da época", colocou.
Em relação ao que chama de branqueamento do mercado de trabalho no Brasil, Jacino faz algumas considerações sobre o fim da escravidão. "O branqueamento do Brasil se dá com a necessidade de sumir com os negros do mercado de trabalho. O curioso é que a ideia que foi gestada no final do século XIX tira o negro do mercado de trabalho e o negro depois passa a ser considerado o próprio culpado por sua exclusão desse mercado. A estigmatização que vivemos até hoje não é resultado de um ou outro que não gostavam de negros, mas de um movimento gestado nos meios acadêmicos, com participação de cientistas sociais renomados internacionalmente, numa construção sociológica".
Exemplos de impedimentos legais sofridos pelos negros especificamente na cidade de São Paulo foram abordados por Jacino. Ele citou o código de Postura de 6 de outubro de 1886, que proibia aos cativos o exercício das profissões de cocheiros, vendedores de água, caixeiros e criava dificuldades para exercerem profissões de herbalistas, curandeiros, barbeiros e parteiras. "Isso desconstrói o argumento de que o racismo no Brasil não teve amparo na lei e seria apenas cultural", ressaltou.
O deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), titular da Comissão de Direitos Humanos, parabenizou o Inspir por sua atuação e lembrou que existem muitas diferenças no mundo do trabalho para o povo negro. "Eu, como militante do movimento negro e sindical, avalio que a luta que o movimento negro traçou nesse país vem mudando a realidade. Recentemente a presidenta Dilma assinou a lei que cria as cotas nas universidades, um fruto de uma enorme batalha travado por nós no Congresso Nacional", disse.

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